Meu amor, não tenha medo. Fuja. Quebre as paredes do tesão. Seja. Respire. Seja outra vez. Mais uma... e mais outra. Seja o sonho, o gozo, a carne, o tato, o trago, a ilusão. Seja este corpo. Seja os nossos corpos. Esteja junto. Veja o que tem em mãos. Entregue-se ao nós, ao que deveria ser de nós. Realize os seus, os meus, os nossos. Foda. Foda. Foda-me. Foda-nos.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
eis uma carta de amor
Meu amor, não tenha medo. Fuja. Quebre as paredes do tesão. Seja. Respire. Seja outra vez. Mais uma... e mais outra. Seja o sonho, o gozo, a carne, o tato, o trago, a ilusão. Seja este corpo. Seja os nossos corpos. Esteja junto. Veja o que tem em mãos. Entregue-se ao nós, ao que deveria ser de nós. Realize os seus, os meus, os nossos. Foda. Foda. Foda-me. Foda-nos.
sábado, 13 de dezembro de 2014
a história de nós três
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
peixe
descubro-me extasiado.
mergulho.
e quando afogado,
suprimo
os sentidos.
liberto
as asas-peixe.
nado
e nada-vácuo encontro.
juro e morro
afogado
em mim.
cigarros, um reescrito
de trago em trago
trago a vida
e a inegável eminência
da morte.
de trago em trago
trago em sonhos
o silêncio da dor
de um peito livre
de trago em trago
trago a verdade
exposta à farsa
e o teatro
que é viver
de trago em trago
trago a certeza
do próximo cigarro
acender
por morrer em paz
no silêncio
da minha razão
na dor da afirmação
e na fé da minha luta.
sábado, 8 de novembro de 2014
alma
nestes dias tantos
em que fujo viver
um pranto
eu quero tanto
eu peço tanto
que esta alma
cálida e confusa
fosse salva deste plano
que esta vida que respiro
fosse burra, curta e lenta
que as feridas
fossem cavas ao profundo
e que esta gangrena
a necrosa poética
viesse tida como bela
que viesse forte
comer a razão
a minha
a razão
da qual nunca tive.
domingo, 2 de novembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
m0rcos, ma dear. sobre sua humanidade
declaração tardia de repúdio ao mês de agosto
livramento secular
tudo que teus amantes imploram em clemência...
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
terça-feira, 19 de agosto de 2014
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
efêmero de mim
o verso tolo
o sorriso amarelo
a fome rasa
a vida curta
o sexo pouco
o ócio louco
a tarde verde
e noite lenta.
dos olhos
verdes tímidos
esconde do mundo
liberdade que goza
intrínseca à alma.
menino ausente
alheio de si
deixa-me entrar
penetrar,
engolir
fagocitar
tua pele
lisa e suave
deixa-me ler-te
feito criança
fronte a novidade
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
we are all tragedies
Ponho-me a pensar de tal forma.
Não me rendo as esquinas que passo.
Menos ainda nas que te encontro.
Mas ser humano é trágico por natureza.
Tudo propõe-se a tal fato:
os passos que dou;
os beijos que refuto;
os rostos que desprezo;
os banhos de lua que me rendo;
os corpos que me deito;
e os sonhos que gozo.
Beleza traz-me ao asco.
Horror.
Embora busque o refúgio
nos pequenos prazeres quotidianos.
Somos todos tragédias.
E a vida, o nosso teatro.
Você: o público que nos aplaude.
Tento fugir à realidade.
Embora viva o que há
pra se viver e respirar.
Daí então,
ela sangra
ao seu jeito dilacerante.
Mas de um jeito
ou de outro,
ela tem-me vivo.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
porquê respiro
terça-feira, 13 de maio de 2014
nuit d'un été solitaire
bleu est une couleur chaude
Obrigado, Adèle.
aqui, porque choras.
segunda-feira, 12 de maio de 2014
eu refuto,
os olhos de ressaca
os dias acinzentados
as bocas que beijei
as pernas que me entrelaço
os passos de ontem
os cabelos amassados
as vidas fodidas
as mortes futuras
os choros de horror
os gemidos de gozo
as correntes de ar
as cordas do teu violão
os livros empoeirados
os discos arranhados
as canecas de café
as taças manchadas de vinho
os pés que retrocedem
os maços de cigarro
as risadas à meia-luz
as sombras que vivemos
os lençóis amassados
os corpos quentes
as línguas ágeis
as salivas espessas
eu refuto
a vida que vivemos,
mas ainda agradeço
e espero.
e amenizo
e choro
e sorrio
mas morro
e te refuto.
domingo, 11 de maio de 2014
portrait de l'hiver
Eis aqui
Lembrança de teu sorriso
Que resta de teu prazer
Eis aqui,
A rosa cor-de-vinho
Que nunca vida foste.
Eis aqui,
O poeta que sonhastes.
A gota de esperança
Que nos falta.
saliva desperdiçada.
contravento entre os cabelos
batom que pinta teus lábios.
o abraço
o beijo
que refutas.
eis aqui
o marco do conflito
de toda dor.
Eis aqui vida
A nossa vida.
domingo, 4 de maio de 2014
Cara flor,
Sinto em dizer-te
Que o amor aqui se esvai
Não eres mais como foste
quando presa a teus ramos.
Matei-a ao colher-te.
Mas teu caule pouco
Espetou-me curiosidade.
Tuas pétalas,
desfizeram-se
Ao tocar-te.
Teu perfume
não me exala
o calor precendente.
Não me prende
ao terror do amor
de outrora.
Mas sei que culpa tua
Não foste.
Apenas os olhos mudaram.
Já não te encaram de trato.
Mas, e depois?
O depois mata.
E o presente
Me prepara à tua morte.
Obrigade, flor.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
ao (finge) amar
Às vezes brinco de amar.
Procuro a vítima mais próxima.
Digo-a que a adoro.
Pressiono-a contra meu peito.
Finjo ser amigo.
Digo o que é preciso.
Sou ausente.
Mas sou supercarente.
Eu as amo: as pessoas.
Mas já não amo mais.
Eu as odeio.
Eu as provoco.
Ignoro.
Crio asco.
Admiro seus esforços.
Mas no fim
A história acaba.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
sobre ser invisível
de passo em passo
sou invisível.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Tudo, o nada.
Tudo que
tenho a fazer.
Que veio
a ser.
Que venha
a ter
É Por querer
morrer.
E fazer
de novo.
terça-feira, 11 de março de 2014
medo
Só em mim habitam os fantasmas.
Só aqui dentro me assombram.
Só por lá vivem meus segredos.
estar perdido.
Este é meu grito.
Ajuda não é necessária.
Nem a redenção.
O caminho é solitário.
A vida curta.
O tempo
dono de si.
Estou perdido.
Quero encontrar.
Achar o caminho
Do mar.
Na brisa suavizar.
À esquina
Do bem-viver.
Estou perdido.
E quero estar.
Estar vivo.
Estar a procurar.
Ainda acho.
Só não sei
O que há.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
?
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Pedro resiste
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
sobre ontem, aqui e ao futuro.
Ah, como meu peito enchia-se de temor, espantava-me sua serenidade, sua leveza, aquela como quem livre compartilha de sensações contagiantes.
Eu o encarava, curioso, procurando dar fim a dúvida enfadonha. E nossos passos, sempre tão apressados, espalhavam a multidão ao redor, os mesmos deram trégua ao coração enlouquecido.
Falávamos de cinema, citavam-se preferências e os gostos peculiares. A conexão era-me surpreendente. Aos ditos tão banais, grandioso fez-se momento memorável. Flashs da infância e temores trocados desenvolvem a nossa naturalidade mútua.
Tudo que esperava era a magia da aproximação. Um movimento ou outro, bruscos, você abraçou-me com toque terno aveludado. É medonho como sou piegas; é miserável como tremo. Ao saudoso menino moço dos cabelos esvoaçantes, menino dos olhos distraídos, embora, sinceros (Este à quem tenho todo meu cuidado); entreguei-lhe estranha devoção de estar vulnerável e aberto.
Ao que vem adiante: deixo à critério da natureza inegável dos nossos corpos. Eu lembro. Flor-de-Lótus hipnótica e desconcertante encanto crescente, minha paixão é grande o bastante ao meu ego. Talvez não sejamos nada, ou apenas tudo, quem sabe só um pouco.
Ah, meu caro, espero que a razão esteja comigo. Ou que ao menos eu seja incoerente o bastante pra fazer-me aventureiro. O acaso nem existe, mas a beleza da dúvida ilumina meus pensamentos.
Com terno, dedico à flor as cartas de ontem.
algo sobre minha mãe
A verdade, é que saudade só me existe por haver passado; e sem passado ninguém estaria lá. De lá, guardo de ti tudo que alimenta a alma. E daí vem minha vontade de estagnar a vida. E fixá-la bem no ponto onde a expectativa e o imprevisível eram frequentes.
Sou saudosista, admito. Mas porquê moro no medo. O medo do presente. O futuro me apavora, e então me derreto dentre memorias. As memórias refletem o meu eu. Elas nunca negam o que são. Constituem toda ruga, todo suor e luta aqui presentes em mim. É o que sou, e o que serei.