Sexta-feita. Tarde feita de chama. Um sol queima a
cuca. Um dois três ônibus. Um tubo fervilhante. Na praça no passo nos
encontramos. Um suicídio recente assombra seus transeuntes. Um caminho curto.
Testas meladas de suor. Os vocábulos foram rudes, cansados. As frases foram
curtas e impacientes. Eram três corpos. Três almas irmãs.
Três desatinos cruzados na areia fina. Três pares de
pernas curtas andarilhas de um caminho perdido. Três risadas afogadas nos
braços de Iemanjá; imersas neste mar. Três bocas encontram-se fartas. Três.
Três: um ímpar-maldito-perfeito.
Três cabeças pensam melhor juntas?
Três desejos apagam-se nos tragos dos cigarros. Três
trejeitos. Três transviados de razão. Três que beijam muitos goles deste álcool
amargo.
Nestas almas, nestas vidas, eu enxergo, vejo peças
frestas frescas perspectivas do barato – “ O mel do melhor” – o desalento
tedioso caso d’amor nas cabeças vazias cheias de ócio.
Somos nós, os três. Três dos muitos
encontros-perdidos desta cidade-luz. Três destas vidas marginais de sonhos.
Três destes que voam além nesta odisséia deste espaço-célebre-cérebro. Três
destes muitos sorrisos escassos emersos da boemia. Três destas luzentes
cabeças penosas pragmáticas serenas vidas.
Nos três, em nós três, o poeta – o poema-prosa –
persiste. Insiste. Teima. Empaca nestas três horas. Três dias. Três beijos.
Três minutos bastam.
Três. Três. Três. Seis. Nove luas planetas cometas
estrelas alucinadas no ópio.
Sei. Reafirmo, do âmago, esta dor de ser. Reafirmo a
tríade errante destes hipotálamos minguantes. Estes três caminhos divergentes
que fogem o ordinário-comum destino.
Três sexos pungentes sangrando os dias de luta. Estes que procuram, caçam a redenção de suas próprias vidas. Procuram mergulhar no
ócio-louco e fugir o negócio. E que, em certa feita, encontram, cada qual, mais
três dentro de si mesmos.
Perfeito! *__*~
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