segunda-feira, 12 de maio de 2014

eu refuto,

os olhos de ressaca
os dias acinzentados
as bocas que beijei
as pernas que me entrelaço

os passos de ontem
os cabelos amassados
as vidas fodidas
as mortes futuras

os choros de horror
os gemidos de gozo
as correntes de ar
as cordas do teu violão

os livros empoeirados
os discos arranhados
as canecas de café
as taças manchadas de vinho

os pés que retrocedem
os maços de cigarro
as risadas à meia-luz
as sombras que vivemos

os lençóis amassados
os corpos quentes
as línguas ágeis
as salivas espessas

eu refuto
a vida que vivemos,
mas ainda agradeço
e espero.

e amenizo
e choro
e sorrio
mas morro
e te refuto.

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