segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

sobre ontem, aqui e ao futuro.

Eu lembro. Tarde de outubro, ao calor sufocante no ar, você veio ao meu encontro como quem surge calado. Mesmo sabendo que o encontraria de um jeito ou de outro, a dúvida era constante, e espantava-me a sensação. E eu, com meus instintos desajeitados, lhe saudava com carinho.

Ah, como meu peito enchia-se de temor, espantava-me sua serenidade, sua leveza, aquela como quem livre compartilha de sensações contagiantes.

Eu o encarava, curioso, procurando dar fim a dúvida enfadonha. E nossos passos, sempre tão apressados, espalhavam a multidão ao redor, os mesmos deram trégua ao coração enlouquecido.

Falávamos de cinema, citavam-se preferências e os gostos peculiares. A conexão era-me surpreendente. Aos ditos tão banais, grandioso fez-se momento memorável. Flashs da infância e temores trocados desenvolvem a nossa naturalidade mútua.

Tudo que esperava era a magia da aproximação. Um movimento ou outro, bruscos, você abraçou-me com toque terno aveludado. É medonho como sou piegas; é miserável como tremo. Ao saudoso menino moço dos cabelos esvoaçantes, menino dos olhos distraídos, embora, sinceros (Este à quem tenho todo meu cuidado); entreguei-lhe estranha devoção de estar vulnerável e aberto.

Ao que vem adiante: deixo à critério da natureza inegável dos nossos corpos. Eu lembro. Flor-de-Lótus hipnótica e desconcertante encanto crescente, minha paixão é grande o bastante ao meu ego. Talvez não sejamos nada, ou apenas tudo, quem sabe só um pouco.

Ah, meu caro, espero que a razão esteja comigo. Ou que ao menos eu seja incoerente o bastante pra fazer-me aventureiro. O acaso nem existe, mas a beleza da dúvida ilumina meus pensamentos.

Com terno, dedico à flor as cartas de ontem.

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