segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

terrivelmente sensível

Quem dera, queira ser assim
um imenso carro alegórico emocional.
Um ser de alma expansionista
liberta distante abjeta à dor.
Quem dera, queira ser um leão
para jactar-me da fofa juba.
Um vaidoso ser imediatista
egoísta narcisisticamente louco.
Um tiro no escuro
Uma dança com os lobos.
Quem dera, queira ser humano
a dispor de mente, corpo, alma
a dispor de medo à ascendente bravura.
Quem dera, queira existir
gozar do sonho livre
banhar no sexo exposto
do falo
do desterro
do sossego 
do escuro.
Quem dera, queira viver
pra provar de um mel esplendor 
sobrevoar a dor levemente
em nirvana conciso.
Quem dera, queira terminar 
rimar o verso podre e pobre
Quem dera, queira ser grande
e errante ardente
até o mísero ultimo sopro
Quem dera.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

com toda tua natalidade
só peço que cresças
e tenhas a maturidade
de admitir  - e entender -
que a solitude nos basta
que estar só é preciso.

mas nem com verso
nem a razão
tu vês nisto
não, tu não vês
não enxergas
a beleza a pureza
a destreza do íntimo ser
distante de mim.

tenha a coragem
tenha a bravura
tenha a decência
de lidar
de reconhecer
de vencer
o espaço
o ócio
a mente
e a si próprio.

resgate

Eu só queria...
Que este verso
Me engolisse a realidade.
Que tornasse palpável
O drama
O terror
E a poesia
De viver neste corpo
De forjar um sorriso.

E que seja inato
E inabalável
A dor e o sangue.

Para que,
Por fim,
Você venha
E me resgate
Da minha sujeira
Da alegria sujeita
Da tristeza santa
Da pureza manca
Da foda curta

Da mágoa porca.