Quem dera, queira ser assim
um imenso carro alegórico emocional.
Um ser de alma expansionista
liberta distante abjeta à dor.
Quem dera, queira ser um leão
para jactar-me da fofa juba.
Um vaidoso ser imediatista
egoísta narcisisticamente louco.
Um tiro no escuro
Uma dança com os lobos.
Quem dera, queira ser humano
a dispor de mente, corpo, alma
a dispor de medo à ascendente bravura.
Quem dera, queira existir
gozar do sonho livre
banhar no sexo exposto
do falo
do desterro
do sossego
do escuro.
Quem dera, queira viver
pra provar de um mel esplendor
sobrevoar a dor levemente
em nirvana conciso.
Quem dera, queira terminar
rimar o verso podre e pobre
Quem dera, queira ser grande
e errante ardente
até o mísero ultimo sopro
Quem dera.